Identificações

Uma história linda, que nos faz pensar muitas coisas junto com ela... A vontade de viver a vida com amor, valorizando a natureza, valorizando as pessoas, suas qualidades e sua humanidade, valorizando os animais, as plantas, estações do ano, com Autencidade... E de viver sendo amada da forma mais pura e sublime, sem interesses, sem mentiras, simples como uma flor que nasce num pasto, inocente. Essa foi minha experiência assistindo o filme - O Conto da Princesa Kaguya de Isao Takahata -.

Indicado ao Oscar de 2015 como Melhor longa metragem, uma produção do Studio Ghibli, um dos meus favoritos em produções de animações japonesas, tanto pela qualidade da animação, mas principalmente pelos roteiros, com lições e mensagens implícitas fantásticas.


Quando vi a história do filme me identifiquei muito. E conclui que um dos meus maiores desejos - e acredito ser de muitos outros - é poder viver assim, sem medo de ser quem sou, valorizar cada pequeno milagre do dia a dia que Deus realiza, amar e ser amada, sem temer a incerteza, com Autenticidade... Fazendo parte da dinâmica dádiva da vida e concretizando que cada momento é único e precioso. Cheguei a me emocionar em alguns momentos do filme.

A sensação que sentir foi de uma vontade de sair e falar o quando amo as pessoas ao meu redor sem temer as lágrimas de felicidade, de falar o quanto sou grata por existirem, cuidarem de mim e me aceitarem, de mostrar pra elas a graça da vida, de concretizar ainda mais a ideia que não é preciso todo dinheiro do mundo para ser feliz, de gritar aos quatros cantos do mundo que a vida é linda e que parem de estragá-la. 

De mostrar que amar não doí - tanto a si mesmo quanto o outro - , que ser honesto não doí - tanto consigo mesmo quanto com o outro -, que pedir perdão faz bem, que se existem problemas existem soluções, de agradecer a Deus por ser saudável e poder apreciar todos esse milagres. De pular, de rir até a barriga doer, de dançar até as pernas doerem e de chorar, não de tristeza, mas de felicidade e alívio.



Mas não tenho tal liberdade integral, se eu fizesse isso possivelmente pensariam que algo estava errado... A princesa viu isso... Eu vejo isso... Vivemos num mundo onde não somente o poder aquisitivo comanda mas também a opressão quando agimos com Autenticidade, as mentiras se enraízam, somos objetos que precisam pedir permissão para viver, para sentir e perceber, para ter um lugar na sociedade. Quando somos crianças ainda temos a desculpa da idade, mas quando chegamos na adolescência e caminhamos para se tornar um jovem adulto isso muda.

Precisamos de aprovações dos outros, o que conta é o todo e não o particular... E o que resta? 
Resta apenas fragmentos do que um dia era chamado de autenticidade. Hoje buscamos recuperar em nossos filhos e crianças do convívio, recuperar também a inocência da brincadeira, a curiosidade em descobrir o mundo e comemorar pequenas conquistas. O mundo e suas sociedades se esqueceram do que é Ser e vivem apenas o Ter.



Há uma resistência e urgência para que nos encaixemos em um rótulo, uma necessidade social que nos definirmos para conquistarmos um lugar ao Sol. Precisamos nos modificar para caber e não pertencer. E isso nos desmorona, como desmoronou Kaguya. O filme traz mais o peso disso em cima das mulheres, mas não podemos descartar os homens em Era de Masculinidade Tóxica.

Acredito na geração que está surgindo, da minha filha e de 10 anos antes dela, acredito que essas gerações irão nos ensinar valores antes esquecidos e deixados de lado por parecerem "bobeira", mas que são fundamentais para se tornar um adulto saudável. É um desafio e tanto para nós pais, mas o resultado valerá tudo isso e nos ensinará mais do que ensinamos.

Filmes como este fazem a mim como mãe, pensar em que futuro quero para minha filha, dos valores que quero que ela carregue e virtudes que ela construa. Pensar sobre se minha atitudes estão fazendo ela florescer ou desmoronar, se estou sendo para ela um lugar seguro ou um lugar de medo. Além de me fazer refletir as perdas e mudanças desagradáveis que precisei fazer como me encaixar e agradar um terceiro. 

Isso dá um bom assunto para levar para terapia e pensar nas consequências dele. 

Até a próxima. Te vejo na terapia.


💋💋




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